MINHA PRIMEIRA VEZ
Hoje tirei um tempo do meu “precioso” domingo, deixei de fazer
as coisas importantes q sempre faço: assistir TV e Dormir e fui visitar um asilo , sim isso mesmo um asilo
de velhos. Muitos devem pensar, “mas que programa para um domingo”, e realmente
acertaram , é realmente um programam.
Fui com minha prima,
o asilo fica quase fora da cidade, pois temos que esconder aquilo que nos incomoda,
e a velhice não é coisa boa de se vê.
Na porta já se tem vontade de virar nos calcanhares e sair
correndo, pois o que nos recebe primeiro é o cheiro, pois é , o cheiro da velhice, urina e fezes, misturados
ao cheiro de uma fossa sanitária vazando á céu aberto, e o comitê de boas vindas foi uma nuvem de
moscas que assentavam em
tudo. Mas aos poucos vai se acostumando, pois o nariz é um órgão
adaptável,ai vem os velhinhos, cada um com sua peculiaridade, e todos cheios de
necessidades que não se pode , nem se consegue suprir com uma só visita.
Chegamos na hora do lanche, e muitos até conseguem comer com
as próprias mãos, mas outro tem de ser alimentados, pois estavam estirados em
camas.
Cumprimentei a todos um por um, e alguns me responderam,
outros me olharam com olhos perdidos em um tempo distante. Mas o que me chamou
mais a atenção foi que a todos que perguntei o nome, eles me responderam com o
nome completo, como se assim pudessem firmar uma identidade, em um lugar tão
longe da realidade. Mesmo com línguas enroladas todos disseram os nomes
completos.
Perguntei de onde eram e a maioria ao me falar onde nasceram
, também me contaram das famílias da infância
com olhos sonhadores, pois tenho certeza foi um tempo em que foram amados e
tinham um lar.
Ficar ali, conversar um pouquinho, dar a mão a cada um,
escutar o nome e um pouquinho da história deles
não custou nadinha pra mim, e só me emocionou e me deu uma felicidade
sem igual, para eles sou apenas uma visita que logo será esquecida, mas para
mim eles são pessoas que precisam de visitas, alguém que lhes lembre que eles
tem um nome, um passado e que eles existem..
Quando saí de lá , já não sentia mais o mal cheiro e nem os
mosquitos, mas tinha o coração cheio de ternura e alegria. E com a certeza de
que esta será a primeira de infinitas visitas que farei ao local e que com o
tempo vou saber o nome de cada um, e sua história que agora será minha também.
Amanhã poderei se eu a ser visitada, e só espero que alguém escute um pouquinho
da minha história, acha que estou sendo dramática? Não amigos o tempo passa
mais rápido do que podemos perceber . è melhor estar preparado.
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